As doenças relacionadas com Distúrbios de Comportamento Alimentar são complexas. É preciso um trabalho integrado e de preferência com uma equipa multidisciplinar para ajudar estas pessoas.
Verifico frequentemente que a consulta de nutrição é vista como uma consulta que serve para ensinar a pessoa a comer. Na prática, em todos estes casos, as pessoas com Distúrbios de Comportamento Alimentar sabem ler rótulos, conta
r calorias, restringir drasticamente alimentos ou fazer diversas estratégias para compensar a ingestão energética desmesurada. Para esse efeito, a consulta de nutrição de pouco ou nada serve. Até porque com o medo de aumentar peso, qualquer recomendação instituída, na prática não é seguida.
Nestes casos é preciso fazer um trabalho bem mais complexo e modular a bioquímica do cérebro. É preciso perceber quais os fatores ambientais que desempenham um papel na causa da doença, identificar variações genéticas envolvidas em processos biológicos que contribuem para o risco de desenvolvimento de Distúrbios de Comportamento Alimentar, entre outros. Na boa verdade, quem sofre destes distúrbios quer quebrar o ciclo vicioso mas não consegue. É mais forte do que um mero controlo de vontade. Muitas vezes existe uma diminuição da capacidade da síntese de neurotransmissores, ou dificuldade em saber lidar com situações de stress. Existem inclusive genótipos que aumentam o risco a Distúrbios de Comportamento Alimentar, resultante na dificuldade da regulação dos níveis de dopamina. Há um largo trabalho a fazer. Desde analisar a necessidade de regular os níveis de insulina, verificar se existem problemas de digestão e absorção de nutrientes, repor nutrientes, analisar as dificuldades de comunicação celular, metilação ou reduzir os níveis de inflamação no organismo, entre outros.
Há que consciencializar que é com pequenos passos, que se consegue alcançar grandes vitórias. É todo um estilo de vida e forma de viver/pensar que precisa de ser modulado.
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